Por mais descrente que um homem possa parecer, há vezes em que toda a força falha. Incapazes de disciplinar nossos sentimentos, buscamos auxílio em coisas que não podem ser vistas ou tocadas.
Por Gabriel Bocorny Guidotti
Jornalista e escritor
Porto Alegre – Brasil
Esse é o significado da fé: mover de montanhas, motivar legiões. Afinal, existe um Ser Superior ou somos vítimas de conspirações humanas que durante milénios nos conjuraram mentiras?
A religião, assim como supostamente nos deu o começo, nos trouxe também o final. Primeiro o homem é homem, depois vira herói e, milhares de anos após, se torna lenda. No último estágio, as disputas começam. Caminhadas e peregrinações transformam-se em palácios dourados. A palavra, simples e pura, é substituída por sessões de controle religioso nos quais princípios de fé se tornam uma força política dentro do Estado.
A ramificação das crenças ao longo da história foi tão tangente que todos os deuses são creditados como divinos apesar de, na verdade, todos serem pagãos. Afinal, o que é divino? Andar sobre as águas, profetizar o futuro e passar uma mensagem bonita para os seus semelhantes? Nada disso. Ser divino é ser humano, no sentido benfeitor da coisa. Não precisamos de livros de regras. Quando a fé é pura, ela se sucede sozinha.
Religião, qualquer que seja, é feita de três elementos: um profeta convincente que espalha a sua palavra; um campo atemporal no qual os melhores de nós merecerão a eternidade; e o juízo final.
Pode parecer uma visão simplista, mas aí está a verdade. Apesar de violentas discordâncias, a única certeza de nossa espécie é que não existe um Deus certo e inequívoco. Como dito, todos são pagãos, até que se prove o contrário.
Assim, se alguém disser a você que siga essa ou aquela religião, olhe para o seu coração e pense no que você quer para a sua vida. De um lado, podem-lhe dar um caminho; do outro, podem-lhe fazer uma grande lavagem cerebral.
A sua fé depende de você e das acções que fará hoje para colher um mundo melhor amanhã. Acredite, é o que Deus diria. A religião nos traz o começo e o final. A fé não tem tempo.
Estava a qui a ler o artigo A Fé de Cada Um, e depois de fazer uma análise, constatar várias falácias como por exemplo:
“Pode parecer uma visão simplista, mas aí está a verdade. Apesar de violentas discordâncias, a única certeza de nossa espécie é que não existe um Deus certo e inequívoco. Como dito, todos são pagãos, até que se prove o contrário.”
“Ser divino é ser humano, no sentido benfeitor da coisa. Não precisamos de livros de regras. Quando a fé é pura, ela se sucede sozinha.”
“Religião, qualquer que seja, é feita de três elementos: um profeta convincente que espalha a sua palavra; um campo atemporal no qual os melhores de nós merecerão a eternidade; e o juízo final.”
Essas três afirmações não são em todo verdadeiras, consistem de meias verdades e equívocos até de raciocínio lógico. Ora, alguém poderia dizer “existe um universo paralelo e isso é uma verdade até que se prove o contrário”. Isso de facto muitos argumentam, argumento falacioso.
Ser divino é tudo menos humano, é transcendente, e o que o escritor do artigo faz é inventar sua própria definição para inventar sua própria verdade. Falacioso. E quanto a “pureza de fé” e “sucessão por si”, quantas crenças deploráveis, sacrificiais, circuncisão de mulheres, amputações corporais, etc, são sucessivos desde os primórdios dos tempos? Isso na sua lógica é prova de pureza! Que simplismo de raciocínio, que só pode desviar o incauto e incapaz de perceber o vazio de sustentabilidade de credo.
Nem todas as religiões são baseadas em um profeta, na verdade a maioria tem mais do que um profeta. Segundo, nem todas as religiões consistem em fazer boas obras para merecer uma especial retribuição; o Novo Testamento por exemplo confere a salvação a fé, e não as obras. Os Budistas acreditam numa sucessão eterna, de reencarnações. Os gnósticos não acreditam num inferno, num juízo final que levará pessoas a um tormento eterno.
O que fica claro é que o artigo está a apresentar as bases de uma religião pagã, não nova, mas velha: HUMANISMO.